sexta-feira, 24 de outubro de 2008

PT E PMDB A UM PASSO DO ROMPIMENTO


"Para viver junto, é preciso haver respeito mútuo. É preciso ter espírito de equipe", disse na quinta-feira, 23, em Brasília, o governador do Estado Jaques Wagner, que se mantém visível irritação para com os ataques proferidos pela campanha do atual prefeito João Henrique (PMDB) no segundo turno das eleições de Salvador disputado com o petista Walter Pinheiro.
Wagner afirmou que não quer falar em "rompimento", mas voltou a salientar que a campanha do peemedebista é "insidiosa" e visa a atingir PT. "Sou um homem de partido, e além disso não ando falando mal das administrações do PMDB", destacou.
Em Brasília, Lula manifestou, indiretamente, solidariedade e apoio ao governador petista baiano, ao recebê-lo em audiência que não estava agendada, deixando-se fotografar ao lado de Wagner e avisando que segue apoiando a Bahia com os recursos necessários, em especial para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).O presidente disse lamentar os ataques que o governo baiano vem sofrendo durante esse segundo turno de campanha municipal. Lula também confirmou presença em Salvador na próxima terça-feira, 28, durante a Cúpula Brasil-Portugal.Wagner revelou ainda que teve uma conversa reservada sobre o assunto com o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, da qual não quis fornecer detalhes, e lembrou que ele próprio, quando articulador do governo Lula, ajudou a construir uma aliança nacional com o PMDB - que, na opinião dele, deveria ser fortalecida para a próxima sucessão presidencial. Ele frisou ainda que o PT baiano apoiou a candidatura de 60 prefeitos do PMDB, e foi apoiado em metade desse número, 30.O fato é que um eventual rompimento com o PMDB criaria dificuldades para o governo estadual. Na Assembléia, a debandada do PR deixou o governo com maioria apertada, e com sérios entraves nas comissões, onde ficou em minoria.Dentro do governo, dois secretários - o da Infra-Estrutura, Antonio Carlos Batista Neves, e o da Indústria, Comércio e Mineração, Rafael Amoedo, foram ambos indicados pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, o homem forte do PMDB baiano. O vice-governador, Edmundo Pereira, também é do PMDB.O líder do PMDB na Assembléia Legislativa, Leur Lomanto, minimizou o confronto. "Passado o segundo turno, a temperatura vai voltar ao normal", acredita ele, que não vê possibilidade de rompimento. "É preciso separar as coisas. Uma coisa é a disputa municipal, outra é a relação do PMDB com o Governo do Estado no Legislativo", observou, adiantando que a bancada peemedebista na Assembléia Legislativa, composta por nove dos 63 deputados, pedirá audiência com Wagner em breve para esfriar os ânimos e restaurar a harmonia da relação.