terça-feira, 24 de março de 2009

Caetité terá internet grátis

Caetité está na lista de uma proposta do Governo do Estado para ter internet grátis em 24 cidades da Bahia. A informação foi do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, Ildes Ferreira.

Segundo Ildes, Feira de Santana será a primeira a ser beneficiada. O projeto terá um investimento inicial de R$ 3 milhões que inclui implantação da infrainstrutora como instalação da banda larga e da antena nas cidades contempladas.

Além de Caetité e Feira de Santana fazem parte da lista as cidade de Alagoinha, Antas, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cruz das Almas, Eunápolis, Ibotirama, Ilhéus, Itaberaba, Itabuna, Itamaraju, Jequié, Jeremoabo, Juazeiro, Luís Eduardo Magalhães, Paulo Afonso, Riachão do Jacuípe, Santa Brígida, Seabra, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista.

Silvano Silva

Entrevista: Lula promete construção de ferrovia no estado

Oscar Valporto / Redação CORREIO | Fotos: ABR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega nesta segunda-feira (23) a Salvador para uma visita de dois dias. Lula, que vai ficar hospedado no Bahia Otton, em Ondina, chega à capital baiana uma semana após a divulgação de pesquisas que mostram queda de sua popularidade. Segundo o Datafolha, a aprovação do presidente caiu de 70%, em novembro de 2008, para 65% em março.

Pesquisa CNI/Ibope mostra que a popularidade de Lula diminuiu de 73%, em dezembro, para 64%, neste mês. Em entrevista exclusiva ao CORREIO, Lula garante o início da construção da Ferrovia Oeste-Leste para agosto deste ano, sendo que os dois primeiros trechos serão executados na Bahia, ligando Ilhéus a Barreiras, passando por Caetité.



Em relação ao metrô, o presidente lava as mãos: diz que os recursos estão à disposição e que a responsabilidade em entregar a obra é da prefeitura. No campo político, o presidente acredita que a união entre o seu partido, o PT, e o PMDB, do ministro Geddel Vieira Lima, vai ser mantida em 2010, para tentar a reeleição do governador Jaques Wagner.

Quando a Ferrovia Oeste- Leste foi anunciada, em 2007, a expectativa era de que o primeiro trecho seria entregue até o fim de 2009. A obra, de importância estratégica para a Bahia, sofreu atrasos e agora o começo está previsto para junho de 2009 e a entrega do primeiro trecho, para 2011. O governo confirma o começo das obras para junho e a entrega do primeiro trecho para 2011? A crise pode ter algum impacto na construção da ferrovia?

A Ferrovia de Integração Oeste- Leste, com a extensão de 1.500 km, ligando Figueirópolis, em Tocantins, a Ilhéus, na Bahia, foi planejada para ser construída com capitais públicos e privados. Como nesse momento as empresas privadas estão com certa dificuldade de captar financiamento, determinei à Valec, do Ministério dos Transportes, que assumisse o empreendimento. Para viabilizar, estamos nos antecipando e utilizando recursos públicos que seriam desembolsados somente no segundo semestre.

Depois da elaboração dos projetos básicos, do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental neste primeiro semestre, vamos publicar em junho os editais de licitação e dar início, em agosto, às obras dos dois primeiros trechos,ambos situados na Bahia: Ilhéus-Caetité e Caetité-Barreiras, com extensão total de 972km. Quanto ao leilão de subconcessão, decidimos realizar no momento mais favorável, quando houver maior número de competidores, o que será vantajoso para os cofres públicos.

Em sua última visita à Bahia, o senhor chegou a cobrar do prefeito João Henrique a conclusão das obras do metrô, cujo primeiro trecho tinha previsão de entrega para junho de 2009, após vários adiamentos. A nova previsão de entrega é janeiro de 2010. Como o senhor avalia esses atrasos na construção do metrô de Salvador, já que, como o senhor mesmo frisou, as verbas federais estão à disposição? As falhas e irregularidades apontadas pelo TCU devem ser debitadas aos empreiteiros ou à prefeitura?

O metrô de Salvador estava planejado para ser concluído em 2003, mesmo ano em que assumi a Presidência. No entanto, a obra enfrentava dificuldades por causa dos constantes contingenciamentos de recursos. Uma das primeiras medidas que adotamos foi colocar parte do empreendimento no Projeto Piloto de Investimentos, o que garantiu parte dos recursos e, em 2007, incluímos a obra no PAC, ou seja, a partir daí todos os recursos tornaram-se plenamente assegurados. Com essas iniciativas, nós fizemos a nossa parte, o que mostra nosso compromisso com o metrô de Salvador.

A empresa municipal CTS é a responsável pela execução do empreendimento e tem contrato firmado com um consórcio para a execução das obras. No período de dez anos, houve a necessidade de reelaboração do projeto básico e mudanças ocasionadas pelo próprio passar do tempo (traçado da cidade, métodos construtivos, etc.) em relação à licitação. Houve também questionamentos do TCU, mas, a partir do final do ano passado, o consórcio concordou em dar continuidade às obras em ritmo normal e concluir as obras do trecho Lapa-Acesso Norte até outubro deste ano.

A política baiana tem assistido, desde a campanha eleitoral do ano passado, a tensões entre os dois maiores partidos de sustentação de seu governo, o PT e o PMDB, e entre seus principais líderes, o governador Jaques Wagner e o ministro Geddel Vieira Lima. O senhor acredita que a aliança entre PT e PMDB na Bahia será mantida nas eleições de 2010? Em que medida um rompimento entre PT e PMDB no estado pode afetar as iniciativas do governo federal na Bahia e a representação baiana no governo Lula?

Uma resolução recente do Diretório Estadual do PT defende a manutenção da aliança nacional e da aliança estadual com o PMDB que, aliás, comanda duas secretarias no governo baiano. O PT da Bahia decidiu também que vai lançar Jaques Wagner à reeleição e negociar as candidaturas a vice-governador e as duas ao Senado, com o PMDB e outros partidos.

É natural que no processo de construção da unidade haja momentos de tensão, mas eu estou convencido de que os companheiros do PT e do PMDB vão repetir no plano estadual o mesmo entendimento que existe no plano federal.




As desigualdades regionais têm sido tema constante de debates do governo e estarão, nessa terça-feira, no centro da discussão do encontro do senhor comos governadores nordestinos. Quais as medidas efetivas que o governo federal está tomando e irá tomar para reduzir as desigualdades? O ques erá exigido dos governadores?

Segundo o Ipea, em relação à redução da pobreza, o Brasil fez em cinco anos mais do que o restante da América Latina levou15 anos para fazer.O número de pessoas pobres diminuiu em todas as regiões, sobretudo onde a pobreza era maior. Além de estarmos beneficiando populações de regiões tradicionalmente esquecidas pelo poder público, estamos direcionando grandes empreendimentos também para essas regiões - são estaleiros, refinarias, ferrovias, hidrelétricas, muitos dos quais, em outros governos seriam implantados em estados do centro-sul do país, aumentando as desigualdades. Mas as diferenças regionais ainda são grandes, motivo pelo qual construímos com os governadores do Nordeste, o “compromisso para acelerar a redução das desigualdades regionais”.

Esse “compromisso” tem por princípio fortalecer pactos já existentes, além de apoiar a articulação das ações com os estados e municípios. Para isso, escolhemos as questões que causam mais impacto sobre a qualidade de vida das populações: redução do analfabetismo, redução da mortalidade infantil, erradicação do sub-registro civil e fortalecimento da agricultura familiar. Vamos trabalhar em parceria, de mãos dadas, sem levar em conta as diferenças partidárias, para que tenhamos um país cada vez menos desigual e mais humano.

O PIB do Brasil levou um tombo, as previsões de crescimento encolheram e economistas dizem que o pior da crise econômica mundial ainda está por vir. O senhor ainda é otimista? Como o senhor acha que a economia vai se recuperar ainda em 2009 para que o PIB cresça acima de 4%? O que precisa ser feito no Brasil para minimizar os efeitos da crise?

Nós temos plenas condições de enfrentar esse período de turbulências porque nossa economia é um edifício que se apoia em fundações muito sólidas. Temos um volume de reservas em torno de US$200 bilhões, que não foi abalado com a chegada da crise; somos grandes exportadores de alimentos, que nenhum país pode deixar de comprar; ao contrário de outros países, nosso sistema bancário é saudável; nossos bancos estatais estão fortes e atuando na oferta de crédito, promovendo uma política anticíclica; nosso mercado interno se fortaleceu muito, sobretudo com a entrada de 20 milhões de pessoas na classe média; enquanto nos EUA, a dívida pública representa 70% do PIB, no Brasil, a dívida caiu para apenas 35%; temos abundância de energia de várias modalidades, tanto de fontes não-renováveis quanto de fontes renováveis,e dominamos as tecnologias de exploração; além de vários outros dados positivos.

Em nenhum outro período da história, nosso país contou com mais condições para superar uma crise econômica. E os últimos indicadores conjunturais também são motivo de satisfação para todos nós. Em fevereiro, o emprego voltou a subir - o saldo positivo foi de mais de nove mil empregos com carteira assinada. Outro indicador importantíssimo foi divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): o consumo de energia, que revela o nível de atividade empresarial, subiu 0,7%.

Ou seja, as medidas que adotamos para combater a crise já começam a surtir efeito, e estamos adotando várias outras, como é o caso do plano de construção de um milhão de moradias. Sem contar que, ao contrário de boa parte dos países, em que os juros já estão beirando 0%, nós ainda temos muita gordura para queimar e, com isso, estimular a retomada do desenvolvimento. Sobre as previsões de crescimento para este ano, estou convencido de que será positivo e posso garantir que vamos trabalhar seriamente para que seja o maior possível.

(Entrevista publicada na edição impressa do CORREIO de 23 de março de 2009)