terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mineradora nega responsabilidade em caso de urânio na água de Caetité

BRASÍLIA - O urânio detectado em amostras de água do subsolo do município de Caetité, na Bahia, analisadas pela organização não-governamental Greenpeace, sempre existiu na região e não é resultado da exploração feita pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), garante o diretor de Recursos Minerais da estatal, Otto Bittencourt Netto.O diretor, que também é geólogo, garante que o urânio encontrado na água de Caetité existe na região há mais de 500 milhões de anos. Segundo ele, é uma das chamadas “anomalias de urânio”, que existe em outros pontos do país e em vários locais do mundo. - A água dali contém urânio naturalmente, sempre conteve. O que podemos garantir é que a operação da INB naquela região não contribui com nada para fazer a concentração de urânio naquelas águas - afirma Netto.Ele também garante que a concentração de urânio nas águas da região é monitorada constantemente. - Todo o mês vamos lá, coletamos e analisamos a água de todos os poços. Não existe alteração nenhuma nos últimos 10 anos - diz. Segundo Netto, se as medições verificarem algum aumento nos níveis de radiação, as atividades da INB serão paralisadas imediatamente.No mês passado, o Greenpeace divulgou um relatório denunciando a contaminação da água por urânio em Caetité. Segundo o documento, a população estaria sofrendo com os impactos causados pelas operações na usina de urânio gerenciada pela INB, estatal responsável pela exploração e produção de urânio para as usinas nucleares do país.Uma equipe da Agência Brasil esteve em Caetité para conversar com a população sobre a questão. De acordo com a apuração da reportagem, as pessoas ainda têm muitas dúvidas sobre a contaminação da água na região e alguns até suspeitam terem adoecido por causa da radiação.Segundo o diretor da INB, a quantidade de radiação contida no subsolo é mínima e não causa efeitos nocivos à saúde. Netto critica a maneira “alarmista” com que o tema foi tratado na região. - O assunto gerou um pânico na população por causa da irresponsabilidade de alguns órgãos. Mas, aos poucos, estamos contornando isso, mostrando que não é nada disso - diz. Segundo ele, o pavor é justificado pela falta de conhecimento da população em relação ao tema.A denúncia do Greenpeace está sendo investigada pelo Ministério Público Federal, que realizou uma audiência pública em Caetité para ouvir a comunidade local sobre a questão.