quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pesquisadora reconhece falha

A pesquisadora da Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Mariza Franklin, reconheceu que há falhas na transmissão de informações sobre as implicações do urânio na vida das pessoas que moram na região de Caetité. "De acordo com os últimos acontecimentos, reconhecemos que falhamos no programa de informações para o público", afirmou, ontem, no Encontro Regional sobre Prospecção, Exploração e Técnicas de Produção de Urânio Considerando Aspectos Ambientais, promovido pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), no Hotel Pestana.

Os "últimos acontecimentos" referem-se à denúncia do Greenpeace sobre a existência de água contaminada por urânio em poços de que se serve a população do distrito de Juazeiro, no município de Caetité (a 757 km de salvador), onde há uma mina e uma unidade de produção de concentrado de urânio operadas pelas Indústrias Nucleares Brasileiras (INB). A divulgação da denúncia e da contraprova feita pelo Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá) deixou a comunidade local assustada com o risco do consumo de água contaminada.

Mariza Franklin, que há 10 anos atua na CNEN, que é o órgão regulador da atividade nuclear no País, afirmou que as atividades da INB, na região, não provoca nenhum impacto negativo ambiental. Ela destacou que na região, entre Maniaçu (município de Caetité) e Lagoa Real, há concentrações elevadas de urânio e por isso são áreas naturalmente radioativas. "Detectamos 35 anomalias (locais com alta concentração). A INB atua em apenas uma", disse. A radiação elevada em alguns pontos da região foi detectada desde a década de 70, quando começaram as prospecções.

TOXIDEZ - Mariza afirmou que, do ponto de vista da radioatividade, não há problemas para o consumo de produtos que venham a estar contaminados, mas que o mesmo não pode ser afirmado quanto à toxidez química do urânio. "A CNEN trata da toxidez radioativa e avalia que não há problemas com a água, mas, sobre a toxidez química, quem deve avaliar é o Ibama ou os órgãos estaduais de meio ambiente", afirmou.

Já o especialista da Agência Internacional de Energia Atômica, Jan Slezak , disse que somente a educação das pessoas sobre o urânio pode afastar o medo da atividade. Ele também destacou a necessidade de as atividades de urânio obterem a "licença social" concedida pela comunidade envolvida.

"Esta licença é uma espécie de acordo entre o setor operativo e o público para que os dois setores tenham lucro e não prejuízos", disse Jan Slezak.
fonte:atarde