quarta-feira, 29 de abril de 2009

Plano contra a gripe suína entra em ação na Bahia

"Em Salvador não pretendo voltar tão cedo. Toda vez que venho aqui pego alguma coisa. Há dois anos foi dengue hemorrágica. Agora é essa gripe e uma confusão". O desabafo vem de Alexandre Magno, 40 anos, internado desde a última segunda-feira como suspeito de ser o primeiro caso de gripe suína em Salvador.

De um quarto isolado no Hospital Especializado Octávio Mangabeira (Heom), no Pau Miúdo, Magno conversou por celular com A TARDE e garante que ele e sua esposa, Jenifer Barbosa, 27, sentem-se bem de saúde e estão ansiosos para voltar à sua residência, em Boston, nos Estados Unidos (EUA).

Na manhã desta terça, 28, o secretário de Saúde da Bahia, Jorge Solla, e equipes da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) reuniram a imprensa para anunciar que dois exames foram feitos no paciente. O primeiro resultado, com base em coleta de sangue, deve ficar pronto em dois dias. Já o segundo teste, coletado de secreção das vias respiratórias, demora cerca de 15 dias e tem o objetivo de isolar e identificar o vírus H1N1, causador da doença.

Os dois exames são feitos na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. De modo antecipado, Solla disse ter quase certeza que o paciente não está infectado, mas garantiu que os exames eram necessários para não deixar dúvidas.

Para ser definido como caso suspeito o paciente precisa ter febre alta de maneira repentina, superior a 38º C, com tosse, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações. Outro pré-requisito é ter passado pelo México ou pelos estados da Califórnia ou Texas, nos EUA, nos últimos dez dias.

Como Magno e a esposa vieram de Miami, onde não houve casos da doença, e ainda ficaram doentes depois de chegar a Salvador, fica ainda mais difícil que o quadro se confirme. Além disso, o paciente apresentou nítidos sinais de melhora e até o final da tarde de terça sequer apresentava febre.

De acordo com a diretora do Heom, Maria Inêz Farias, seu isolamento poderá ser interrompido se houver melhora nos sintomas de gripe. "No ritmo de evolução acredito que ele saia em até dois dias", comenta.

A iniciativa de isolar Magno e sua esposa fez parte do plano de contingência da Sesab contra a gripe suína. Segundo o secretário Jorge Solla, há dois anos a Sesab montou uma estratégia de trabalho contra o vírus influenza (causador da gripe), diante dos casos de gripe aviária que foram registrados pelo mundo, em especial no sudeste asiático.

FISCALIZAÇÃO - Este plano de contingência inclui ainda a fiscalização nos portos e aeroportos para mapear os passageiros que desembarcam vindos de áreas de risco, além de montar instalações adequadas para isolar casos suspeitos e oferecer atendimento. "Como o paciente veio dos Estados Unidos tivemos de cumprir o cronograma de alerta, mas é quase certo que os exames mostrarão que não há presença do vírus", disse Solla.

A mesma precaução foi tomada pelo diretor do Hotel Sol Bahia Atlântico, em Patamares, Sílvio Pessoa. Magno e sua esposa se hospedaram no quarto 300 e desde que a suspeita de gripe suína surgiu, o espaço foi isolado. Uma pesquisa está sendo feita para identificar até os funcionários que tiveram acesso ao quarto e contato com os hóspedes.

SEM ORIENTAÇÃO - Também presidente do Sindicato de Hotéis da Bahia, Sílvio lamenta que desde terça espera orientações da Vigilância Sanitária para saber como os donos de hotéis devem lidar com esses casos. "Temos cinco voos semanais que vêm de Miami e até agora o governo da Bahia não passou orientações para o setor hoteleiro", completa.

Para identificar possíveis casos, o governo do Estado montou, desde o ano passado, quatro leitos de isolamento no Heom. O hospital, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi escolhido por ser referência no tratamento de doenças pulmonares, em especial a tuberculose, e outras que sejam adquiridas por vias respiratórias.

>>Confira as unidades que podem atender casos de gripe suína no Brasil

Fonte: A Tarde