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Chega a 4.242 o número de casos de dengue notificados no estado até a última semana de janeiro. São 2.280 a mais do que o mesmo período de 2008, apontando um aumento de 116%. Jequié, distante 390km de Salvador, encabeça a lista dos municípios com maior registro da doença. São 2.637 casos, nada menos que 60% do total do estado.
Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). Para se ter uma ideia da proporção, na última sexta- feira, o estado do Rio de Janeiro, com uma população de 15,4 milhões, divulgou balanço da dengue: 567 casos de dengue, e seis mortes.O estado fluminense conseguiu reduzir em 96% o número de casos, que foram 17.647 no mesmo período de 2008.
Na Bahia, foram confirmadas as mortes de três crianças: uma em Jequié e duas em Porto Seguro. Nesta última há ainda uma suspeita de dengue hemorrágica, com a morte de um garoto de 11 anos, cuja causa ainda está em análise. No município, segundo dados da Vigilância Epidemiológica, dos 73 registros da doença, cerca de 60% são em crianças.
Aquelas com até 9 anos correspondem a quase 70% dos casos em Itabuna, Jequié e Porto Seguro. Segundo a médica chefe da emergência pediátrica do Hospital Geral do Estado (HGE), Márcia Barreto, as crianças possuem maior quantidade de água no corpo e desidratam mais rápido. "Não há uma pesquisa que aponte que o risco de morte é maior em crianças. Mas deve se ter um cuidado especial com elas.
Em Porto Seguro, 60% dos casos são registrados em crianças
O importante é hidratar e levar à emergência quando surgirem os primeiros sintomas", afirmou Barreto. Os pais devem estar atentos a febre, moleza, dor nos olhos e na cabeça. As crianças estariam sendo vítimas do sorotipo D3 porque não possuem anticorpos aos tipos DEN-1 e DEN-2, que assolaram o estado entre 2005 e 2007.
Segundo o patologista e diretor da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis, a situação deve agravar-se entre os meses de março e abril. Na capital, foram registrados 84 casos. No final de janeiro, o Ministério Público Estadual pediu à Justiça a expedição de alvará para que os agentes de saúde possam ingressar nos imóveis abandonados ou fechados. Em 2008, a dengue matou 15 pessoas no estado.
Moradores em ação
"O coraçãozinho dele não aguentou". Entre lágrimas, desabafou a mãe, que acompanhou a luta de Felipe Yokio Nakamura, 11 anos, contra a dengue. Cecília Nakamura tem outro filho de 9 anos e se diz apreensiva com a situação em Porto Seguro. Na sexta-feira, a revolta dará lugar à ação.
Colegas de Felipe, vizinhos e igrejas e associações iniciam uma mobilização para alertar a comunidade do município e cobrar ação política. Na quarta-feira, quando o filho ainda apresentava os primeiros sintomas, ela procurou atendimento. "Sou leiga. O que eu poderia fazer era solicitar auxílio médico", desabafa.
Mesmo com os medicamentos receitados, a doença evoluiu. Com exames na mão mostrando que o nível de plaquetas da criança chegara 35 mil plaquetas/m³ de sangue (o normal seria maior que 150 mil), ela procurou uma unidade hospitalar. "Será que não podiam ter decidido mais rápido", lamenta.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que será apurado se houve falha ou negligência - tanto no posto de saúde como no Hospital Luis Eduardo Magalhães. Segundo a superintendente de planejamento de projetos da secretaria, Cristiane Baltazar, hoje teria início uma operação de limpeza no bairro do Baianão, onde moram mais de 60 mil habitantes, com problemas graves de saneamento e oferta de águafonte:correio da Bahia
